Norris dá azar com regulamento e título da Fórmula 1 está mais difícil
A situação de Lando Norris complicou de vez na Fórmula 1, após o abandono inesperado no GP da Holanda e a vitória do companheiro de McLaren, Oscar Piastri, que fez a diferença para o australiano aumentar no Mundial de Pilotos para 34 pontos. Para piorar, o próprio regulamento da categoria não colabora com o jovem britânico, algo que antigamente poderia ser um facilitador.
O antigo sistema de pontuação da Fórmula 1 costuma causar estranhamento entre os fãs mais jovens. Ele descartava os piores resultados dos pilotos na classificação, o que tornava o cálculo mais complexo, mas também reduzia o peso da sorte em um campeonato onde abandonos eram frequentes.
Se esse regulamento ainda existisse, o abandono de Lando Norris em Zandvoort teria um impacto bem menor. Seria apenas o seu “coringa” queimado, e não um prejuízo direto de 25 pontos, mantendo vivas suas chances contra Oscar Piastri, mesmo com a atual diferença de 34 pontos entre os dois pilotos da McLaren.
Como funcionava esse sistema?
Na prática, esse sistema dava margem para que falhas mecânicas não arruinassem totalmente a campanha de um piloto. Desde 1950 até 1990, apenas uma seleção de resultados era considerada – em alguns anos os quatro ou cinco melhores, em outros com descartes divididos entre a primeira e a segunda metade da temporada. A lógica era simples: deixar que os melhores desempenhos definissem o título, e não o acaso.
Aplicando isso ao calendário atual, Norris poderia ignorar seu abandono no Canadá, enquanto Piastri perderia pontos de um resultado menos expressivo, como os dois de Melbourne. Em contrapartida, o australiano também teria que descartar um pódio, como o segundo lugar na Hungria. Ou seja, ainda haveria impacto, mas a disputa ficaria menos desequilibrada por uma única quebra.
Esse modelo, no entanto, também gerava distorções. Em 1988, Alain Prost somou mais pontos ao longo da temporada, mas perdeu o título para Ayrton Senna por causa da regra dos “11 melhores resultados”. A partir da década de 1990, com carros mais confiáveis e a necessidade de simplificar o campeonato para o público, a FIA aboliu o sistema de descartes.
O abandono de Norris em Zandvoort pode acabar sendo decisivo, assim como foi a quebra de motor de Lewis Hamilton na Malásia de 2016, que custou caro em sua luta contra Nico Rosberg. Ainda que pareça injusto, a Fórmula 1 é, por natureza, um esporte técnico em que falhas mecânicas fazem parte do espetáculo.
A discussão sobre pontuação mostra como diferentes regras poderiam mudar a história de campeonatos. Mas, no fim, um torneio existe para consagrar o vencedor dentro das normas estabelecidas — e isso nem sempre significa premiar, de forma pura, quem foi o piloto “mais forte”.