Mais de três décadas depois, revelação sobre rivalidade Prost x Senna vem à tona
Toto Wolff revelou ter buscado inspiração em Alain Prost para definir sua forma de conduzir pilotos na Mercedes. O austríaco contou que, em 2013, pouco após assumir o comando da equipe, teve uma breve conversa com o francês para entender o que havia dado errado na relação dele com Ayrton Senna na McLaren.
Segundo Prost, o problema não estava entre os pilotos, mas na própria chefia da equipe, que colocava um contra o outro e gerava insegurança quanto a favoritismo e informações internas. O clima de rivalidade entre Senna e Prost marcou os anos de 1988 e 1989 e acabou levando o francês à Ferrari.
“Perguntei o que deu errado com ele e Senna. Prost respondeu: ‘Nada entre nós. O erro foi a direção da equipe, que nos colocava em confronto. Um fim de semana você era o preferido, no outro nem sabia se teria assento. Nunca havia clareza. Isso gera tensão, paranoia e acaba destruindo a relação’. Nunca quis repetir esse erro”, relatou Wolff.

Conselho valioso e mudança de estilo
O dirigente destacou que o conselho de Prost, aliado à visão de Niki Lauda, moldou seu estilo de gestão. “Niki sempre dizia: ‘Não estamos aqui para enrolar. As coisas são como são’. Essa simplicidade e honestidade marcaram a forma como conduzo a equipe”, afirmou.
A transparência, garante Wolff, foi aplicada em todas as fases da Mercedes — de Lewis Hamilton e Nico Rosberg a Valtteri Bottas e George Russell. Ele citou como exemplo recente a conversa com Russell, quando precisou informá-lo sobre negociações iniciais com Max Verstappen para 2026.
“George foi o primeiro a quem liguei. Disse: ‘É meu dever considerar essa conversa, só não quero que você seja pego de surpresa’. Sempre fui brutalmente honesto, porque vejo os pilotos como parte da família. Nem todos lidam bem com isso, mas George e Lewis entendem”, explicou.
Wolff também lembrou o momento de maior tensão na equipe: a reta final da temporada 2016, quando Hamilton desobedeceu ordens em Abu Dhabi para pressionar Rosberg, que acabaria campeão antes de anunciar a aposentadoria.
“Foi um período muito difícil. Tivemos desentendimentos na cerimônia da FIA e nas semanas seguintes. Então falei: ‘Se não conversarmos, para onde vamos?’. Queria que Lewis ficasse conosco por muito tempo e disse que, se ele se via como o melhor piloto e nós como a melhor equipe, precisávamos pôr tudo na mesa. Aprendemos que comunicação é fundamental, mesmo quando é dura. Desde então, sigo esse caminho”, completou.