Ayrton Senna já tirou título das mãos de Eddie Jordan e poucos sabem disso
O mundo da Fórmula 1 se despediu na última quinta-feira (20), de uma de suas personalidades mais marcantes: Eddie Jordan. O irlandês, ex-piloto e fundador da Jordan Grand Prix, liderou a equipe entre 1991 e 2005, conquistando espaço no grid mesmo com um orçamento inferior ao das principais escuderias.
Além disso, teve um papel fundamental ao lançar jovens talentos na categoria, incluindo o heptacampeão Michael Schumacher. Nos últimos anos, Jordan se destacou como comentarista e, recentemente, enfrentava uma batalha contra o câncer.
Dos anos 70 às pistas de F1
Nascido em 1948, Jordan iniciou sua trajetória no automobilismo na década de 1970, vencendo o Campeonato Irlandês de Kart em 1971. A conquista o levou à Fórmula Ford e, posteriormente, à Fórmula 3, até que uma lesão interrompeu seu crescimento. Recuperado, voltou às competições na Fórmula Atlântica, vencendo na Irlanda em 1978. Essa vitória lhe garantiu uma oportunidade na Fórmula 2 e alguns testes com a McLaren, mas, ao final da década, sua carreira como piloto chegou ao fim.
Derrota para Ayrton Senna e nascimento da Jordan Grand Prix
O verdadeiro legado de Jordan começou fora das pistas. Em 1979, fundou a Eddie Jordan Racing, que, mesmo com recursos limitados e competindo inicialmente apenas no Reino Unido, cresceu rapidamente nos anos 80. A equipe ficou perto do título da Fórmula 3 britânica em 1983, perdendo para Ayrton Senna, mas alcançou o triunfo em 1987 com Johnny Herbert. No ano seguinte, brilhou na Fórmula 3000 Europeia, coroando Jean Alesi como campeão no final da década.
A ascensão na Fórmula 1
Em 1991, a equipe foi rebatizada como Jordan Grand Prix e fez sua estreia na Fórmula 1 com Andrea De Cesaris e Bertrand Gachot ao volante do icônico Jordan 191, equipado com motor Ford. No entanto, um incidente fora das pistas levou Gachot à prisão, e Jordan fechou um acordo com a Mercedes para dar uma chance a um jovem talento: Michael Schumacher. O alemão impressionou em sua estreia no GP da Bélgica, enquanto De Cesaris esteve perto de um pódio antes de abandonar.
Nos anos seguintes, a Jordan se destacou por dar espaço a jovens pilotos, incluindo Rubens Barrichello, que conquistou o primeiro pódio da equipe no GP do Pacífico de 1994 e sua primeira pole position na Bélgica. A fase áurea veio no final dos anos 90, quando a equipe contratou Damon Hill.
No caótico GP da Bélgica de 1998, Hill garantiu a primeira vitória da Jordan na F1, com Ralf Schumacher completando a histórica dobradinha. Em 1999, a equipe viveu sua melhor temporada, conquistando quatro pódios e duas vitórias com Heinz-Harald Frentzen, encerrando o ano em terceiro no Campeonato de Construtores.
O declínio e os anos pós-F1
Apesar do crescimento nos anos 90, a Jordan enfrentou dificuldades financeiras e de desempenho nos anos 2000. Após dois pódios de Frentzen em 2000, os resultados começaram a cair, com exceção da vitória de Giancarlo Fisichella no GP do Brasil de 2003 (originalmente atribuída a Kimi Räikkönen devido a um erro no sistema de cronometragem) e um pódio de Tiago Monteiro no controverso GP dos Estados Unidos de 2005, que contou com apenas seis carros no grid. Ao final daquela temporada, a equipe encerrou sua trajetória na Fórmula 1 com um total de quatro vitórias, 19 pódios e duas pole positions.
Após deixar a F1, Jordan se tornou comentarista da BBC e participou do programa Top Gear. Em 2023, lançou o podcast Formula For Success ao lado do ex-piloto David Coulthard. No fim de 2024, revelou que lutava contra um câncer de próstata e bexiga.
O automobilismo perdeu não apenas um chefe de equipe visionário, mas uma personalidade vibrante, sempre lembrada por sua ousadia, carisma e paixão pelo esporte.