Honda entrou em ação e conseguiu carro mais rápido da história na Fórmula 1
Quando se trata de Fórmula 1 logo imaginamos carros cada vez mais modernos, com novos “truques” na aerodinâmica, elaborada por grandes mentes com compõem uma equipe vencedora. Mas, o principal de tudo isso é a velocidade, de nada adianta todos os atributos do mundo se a máquina não é rápida o bastante. Falando sobre o tema, quem surpreendeu o mundo do automobilismo foi a Honda, com uma marca de arrepiar.
Em 21 de julho de 2006, a Honda estabeleceu um recorde de velocidade terrestre para carros de Fórmula 1 nas planícies de sal de Bonneville, em Utah — uma marca que permanece imbatível 19 anos depois.
O feito foi alcançado pelo sul-africano Alan van de Merwe, que mais tarde se tornaria piloto do carro médico da F1 entre 2009 e 2021. Ele conduziu um BAR 007 modificado, o mesmo modelo utilizado por Jenson Button e Takuma Sato na temporada de 2005.
O projeto, que levou dois anos para ser concluído, teve como meta alcançar 400 km/h. Embora o carro tenha atingido essa velocidade em testes no deserto de Mojave (413,205 km/h), o número oficial registrado em Bonneville foi de 397,360 km/h — pouco abaixo da meta.
“Sabíamos que era uma ideia maluca, porque o departamento de marketing da BAR-Honda criou esse número mágico de 400 km/h”, contou Van de Merwe em entrevista à F1 em 2017. “Dissemos que não era possível: os carros atingem no máximo 360 ou 370 km/h com vácuo em pista. Não dá para ir além disso simplesmente adicionando potência. Acreditávamos que seria necessário dobrar a potência do motor para alcançar 400 km/h.”
O carro passou por diversas modificações ao longo do tempo, incluindo a substituição da tradicional asa traseira por uma barbatana vertical para melhorar a estabilidade em linha reta.
Marca foi reconhecida oficialmente pela FIA e segue viva até hoje
Como o recorde foi homologado pela FIA, a velocidade foi registrada em duas passagens, uma em cada direção, para neutralizar a influência do vento. Em uma das tentativas em Bonneville, o carro ultrapassou os 400 km/h, mas não conseguiu repetir a marca na segunda corrida, ficando com uma média oficial ligeiramente inferior.
Apesar disso, Van de Merwe, hoje com 45 anos, não se decepcionou: “Para ser honesto, nem deveríamos ter chegado tão perto! Provavelmente precisaríamos de um carro completamente diferente para bater os 400 km/h. Mas foi muito divertido tentar — e conseguimos o recorde. Foi um projeto único, e me sinto extremamente sortudo por ter feito parte dele.”
Ele também revelou que a experiência mudou sua visão sobre corridas de velocidade em linha reta. “Como piloto de circuito, no início eu não entendia. Olhava para aqueles carros americanos de 2.000 cv feitos no quintal de alguém e não via muito sentido. Parecia divertido, mas não entendia como alguém se apaixonava por isso: só dirigir em linha reta no sal, tentando encontrar uma fração mínima de milha a mais.”
“Depois de participar, minha perspectiva mudou. Éramos 50 ou 60 pessoas e passamos dois anos nesse projeto. Você aprende que o que acontece no sal é só a ponta do iceberg. Às vezes, encontrar aquele décimo de milha extra leva nove meses de trabalho.”
“É como correr com um carro na pista: todo mundo precisa dar 100%. Se alguém não fizer sua parte, aquele décimo não aparece — mas quando ele aparece, é extremamente recompensador. Acho que ninguém envolvido olha para trás achando que foi perda de tempo. Todos nós levamos algo valioso dessa experiência.”