Treta entre Verstappen e Hamilton no Brasil custou R$ 310 mil
Max Verstappen e Lewis Hamilton protagonizaram uma das maiores rivalidades da Fórmula 1 na temporada 2021. No fim das contas, o holandês acabou faturando o então título inédito, impedindo o octacampeonato do rival britânico. Porém, anos depois essa batalha ainda rende novas revelações.
Max Verstappen tinha plena consciência de que seria multado em € 50.000 (cerca de R$ 310 mil atualmente) pela FIA ao tocar na asa traseira da Mercedes de Lewis Hamilton no parque fechado do GP do Brasil de 2021.
Ainda assim, decidiu agir — segundo Bradley Scanes, ex-preparador físico e de desempenho do holandês — como parte de uma estratégia para colocar “pressão” sobre os rivais da Mercedes em um momento decisivo da disputa pelo título.
Verstappen conquistaria naquele ano seu primeiro de quatro títulos mundiais consecutivos, após uma temporada marcada por intensa rivalidade com Hamilton. O britânico, então da Mercedes, chegou a sonhar com o oitavo título, mas acabou derrotado na polêmica decisão em Abu Dhabi, quando foi ultrapassado na última volta após a contestada relargada do Safety Car.
Antes disso, Hamilton vinha embalado por três vitórias seguidas, começando justamente no Brasil. Em Interlagos, ele superou uma desclassificação na classificação — causada por uma falha na asa traseira — e, mesmo largando em 10º no domingo após punição pela troca de câmbio, protagonizou uma corrida memorável para vencer Verstappen.
Como foi a situação em que Verstappen decidiu agir?
O episódio polêmico ocorreu no parque fechado, após a classificação, quando o piloto da Red Bull tocou na asa da Mercedes. A FIA aplicou a multa de € 50 mil, mas não houve qualquer punição esportiva.
Falando no podcast High Performance, Scanes afirmou que o gesto não foi impulsivo, mas sim calculado:
“Foi algo pensado. Ele sabia que receberia apenas a multa, sem impacto dentro da pista.” Questionado se Verstappen havia comentado o plano, Scanes explicou: “Não comigo pessoalmente, mas isso foi discutido dentro da equipe.”
Segundo ele, a ação serviu para aumentar a pressão sobre a Mercedes: “Mesmo que nada tivesse acontecido, teria valido a pena. De qualquer forma, mudou o foco, trouxe a mídia para cima deles. E, como depois eles não puderam usar aquela asa específica, já foi um ganho por si só.”

Scanes ainda destacou a intensidade dos jogos psicológicos entre Toto Wolff e Christian Horner, que se refletiam também nos bastidores entre Verstappen e Hamilton: “Nos últimos GPs, ninguém se falava. Estávamos lado a lado nas garagens, na hospitalidade, e nem olhávamos uns para os outros. A tensão era sufocante, dava para cortar com uma faca.”
Para ele, a temporada de 2021 foi única: “Foi provavelmente a melhor experiência que já tive. Era como assistir de camarote a dois gigantes do esporte lutando até o limite. Ambos mereciam o título. Claro que sou parcial, mas acredito que nós merecíamos mais. Aquilo foi uma guerra.”